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Elasticidade de preço: como usá-la para lucrar mais?

24 de abr. de 2025

A frase “Preço é alavanca, Elasticidade de preço é bússola” serve perfeitamente para que comecemos a falar sobre o potencial da Elasticidade para o aumento de margem nas indústrias. 

Sabemos como é importante definir quanto cobrar por um produto ou serviço. De fato, essa escolha é, possivelmente, uma das decisões mais impactantes sobre os resultados financeiros de um negócio

Ainda assim, muitas decisões de pricing são feitas com base em feeling, benchmarking superficial ou pressões comerciais de curto prazo. O problema é que, sem entender como o mercado reage ao preço, toda decisão é um chute, e pode custar caro.

A elasticidade de preço mostra justamente isso: o quanto a demanda é sensível a variações de preço. 

Quando bem aplicada, essa ferramenta permite antecipar comportamentos, identificar zonas de oportunidade, proteger margem e capturar valor que antes passava despercebido. 

Ela mostra onde o preço começa a derrubar volume, onde ainda há espaço para subir, quais produtos competem entre si e como a percepção de valor muda entre canais, regiões e perfis de consumidor.

Neste artigo, vamos explorar como a elasticidade pode (e deve) ser usada como parte central da sua estratégia de precificação. 

Do conceito básico às aplicações mais avançadas com IA e machine learning, passando por erros comuns e decisões críticas, você vai entender porque elasticidade não é só cálculo, é maturidade estratégica.


#01 O que é elasticidade e como ela responde ao preço?

Em termos simples, a Elasticidade é a sensibilidade que define sua estratégia. Em outras palavras, Elasticidade de Preço é o estudo que mede o quanto a demanda por um produto muda quando o preço varia. 

É um conceito simples na teoria: se o preço sobe, a venda cai? E quanto?

Em termos técnicos, dizemos que uma demanda é elástica quando pequenas variações de preço geram grandes mudanças no volume vendido, e inelástica quando o volume pouco se altera, mesmo com mudanças relevantes de preço.

Mas, na prática, essa resposta é muito mais complexa, e crítica para decisões de pricing realmente estratégicas.

De fato, a Elasticidade não é um número estático. Calcular a variação percentual de volume versus preço (ΔV/ΔP) entre dois pontos pode até gerar um valor, mas basta inverter os pontos para o resultado mudar. 

Ou seja, elasticidade é uma estimativa, não uma verdade absoluta

Mais importante do que o número isolado é entender a função de resposta ao preço: como a demanda se comporta em diferentes faixas de preço.

Essa função permite mapear curvas, simular cenários e entender onde o preço começa a derrubar volume, ou onde ainda há espaço para capturar margem. Por isso, elasticidade não é fim, é meio. Serve para orientar estratégias de margem, market share, crescimento e rentabilidade.

Em contextos com poucos dados, usar elasticidade pontual pode ser a melhor estimativa disponível. Mas quando há histórico robusto, o ideal é modelar o comportamento completo da curva de demanda. Assim, é possível tomar decisões com mais confiança, fugindo das armadilhas de simplificações excessivas.

No fim, elasticidade é sobre fazer perguntas melhores: quais preços minha demanda tolera? Onde está o ponto de maior lucro? Com os dados certos e o modelo certo, a resposta pode mudar o rumo da sua rentabilidade.


#02 Até onde a elasticidade ajuda e onde ela complica

Nem toda queda de preço compensa. Nem toda elasticidade é vantagem.

A lógica parece direta: se baixar o preço aumenta o volume, então o lucro virá na sequência. 

Mas quem trabalha com pricing de verdade sabe que essa equação é incompleta. A elasticidade mostra como a demanda reage a mudanças de preço, mas ela sozinha não garante que essa reação será suficiente para sustentar ou ampliar a rentabilidade. 

💡Às vezes, o que parece uma boa ideia acaba resultando em menos margem e nenhum ganho de volume.

Foi exatamente o que aconteceu em um caso real que podemos descrever a seguir:

Após conseguir uma redução de custos significativa, uma indústria optou por repassar esse ganho para o preço final, cortando cerca de 30% em toda uma linha de produtos. 

A expectativa era clara: destravar vendas e crescer com força. 

Mas, um ano depois, o volume vendido era o mesmo. Nenhuma peça a mais. A margem, porém, havia sido reduzida drasticamente. Todo o ganho de custo foi perdido na tentativa de alavancar um volume que nunca veio.

🚩Esse erro revela um ponto crítico: a elasticidade não é uma promessa. Ela é uma estimativa, e o seu efeito real depende de fatores muito além do número em si. 

Reduzir preço pode gerar mais vendas, mas só se a operação estiver pronta para absorver o aumento de demanda, se o canal estiver alinhado com a nova proposta e se o consumidor, de fato, perceber valor nessa nova oferta. Sem isso, o resultado é só perda de margem.


Outro aprendizado importante é o tempo de resposta 

Em vez de fazer uma mudança ampla e esperar meses para entender o impacto, o ideal é testar em ciclos curtos. A elasticidade precisa ser medida com hipóteses, variações e acompanhamento em tempo real. É assim que se aprende. É assim que se evita o prejuízo.

Também é fundamental entender que mudanças de preço não são decisões isoladas. 

Elas exigem integração entre áreas, comunicação clara com o time comercial, preparo da cadeia de suprimentos e um plano de ativação bem definido. Sem essa orquestra, o preço muda, mas o mercado não responde.

No fim, a elasticidade é uma bússola, não um piloto automático. Ela ajuda a mostrar caminhos, mas quem ignora o terreno por onde anda corre o risco de cair. Saber até onde ajustar e quando parar é o que separa as decisões táticas das estratégias lucrativas.


#03 Elasticidade cruzada: o impacto oculto no seu portfólio

Mudar o preço de um produto pode impactar outros ao redor. 

Essa reação em cadeia é o que chamamos de elasticidade cruzada. Ao contrário da elasticidade direta, que mede o impacto do preço sobre a própria demanda, a elasticidade cruzada revela como produtos se influenciam entre si, seja dentro do seu portfólio, seja frente à concorrência.

Entender essas relações é essencial para decisões de pricing mais integradas, que evitam surpresas e protegem a margem. Esses movimentos, quando mal calibrados, geram perda de rentabilidade mesmo com aumento de volume.

Entenda melhor como a elasticidade cruzada pode fortalecer sua estratégia de portfólio:


Evitar canibalização entre itens

Ao reduzir o preço de um produto, é comum deslocar a demanda de outro item semelhante, especialmente se ele cumprir um papel similar na jornada de compra. Isso pode levar à queda de vendas justamente do item com maior margem. 

Com elasticidade cruzada, é possível antecipar esse efeito e ajustar a estratégia antes que um produto "devore" o outro.


1. Identificar oportunidades de upsell

Alguns produtos atuam como porta de entrada para versões mais completas ou premium. 

A elasticidade cruzada ajuda a entender onde existe espaço para reposicionar preços de entrada ou criar diferenciação real. Dessa forma, o cliente não migra para o mais barato, ele sobe para o que entrega mais valor.


2. Montar combos mais inteligentes

Produtos que competem isoladamente podem ser aliados quando vendidos juntos. 

A elasticidade cruzada revela combinações que maximizam valor percebido, evitam sobreposição de função e ajudam a construir portfólios mais coesos, com produtos que se complementam em vez de competir entre si.


3. Reposicionar produtos sem matar margem

Reposicionar preços é sempre sensível. A elasticidade cruzada ajuda a mapear quais ajustes fazem sentido sem desequilibrar o portfólio. Assim, é possível melhorar a percepção de valor de um item sem enfraquecer os demais.

Antes de aplicar, é fundamental ter clareza sobre qual problema está sendo resolvido. Modelos complexos nem sempre entregam mais valor. Às vezes, o mais robusto é simplificar.

Elasticidade cruzada não é só um cálculo adicional, é uma lente mais ampla para tomar decisões de preço com inteligência. Quem domina essas conexões protege a margem, posiciona melhor seus produtos e transforma o portfólio em vantagem competitiva.


#04 Como encontrar oportunidades lucrativas usando elasticidade

Oportunidade não é vender mais: é lucrar melhor. Toda vez que uma indústria se dedica a olhar com profundidade para a precificação, oportunidades aparecem. 

Mesmo nas organizações com áreas de pricing estruturadas, ainda há muito valor não explorado. Parte desse potencial está escondido, invisível à análise superficial ou ao simples comparativo com o concorrente. E é exatamente aí que a elasticidade pode atuar como uma ferramenta de revelação.

Ao cruzar elasticidade com dados de margem, volume e canais, surgem alavancas que muitas vezes não estavam no radar. 

Produtos com alta margem e sensibilidade ao preço, por exemplo, podem suportar testes de aumento gradual sem comprometer o volume. Já canais onde o consumidor tem maior tolerância a preços mais altos representam uma oportunidade clara de capturar valor. 

O mesmo vale para segmentos em que a percepção de valor é elevada e o desconto atual talvez seja excessivo.

Essas zonas de oportunidade não aparecem no feeling. Elas exigem disciplina analítica, modelagem e abertura para testar. Quando não se explora esse caminho, a indústria acaba cortando onde dói mais, reduzindo marketing, investimentos ou até pessoas, quando poderia, na verdade, estar extraindo valor com inteligência.

Além de ajustar preços, a análise de elasticidade também permite repensar modelos de cobrança. Há indústrias que migraram de venda pontual para modelos de assinatura ou cobrança por performance, criando previsibilidade, aumentando a percepção de valor e escalando com mais eficiência.

Lição mais importante: a Elasticidade não serve apenas para reagir ao mercado. Serve para antecipar o que o mercado ainda não percebeu. E quem domina essa leitura consegue lucrar melhor, mesmo em ambientes onde crescer parece difícil.


#05. Existe um número mágico? O ponto ótimo de preço

Entre volume e margem, existe um ponto de equilíbrio em que o lucro total é maximizado. Não é o maior volume. Nem a maior margem unitária. É o ponto ótimo de preço, e encontrá-lo exige bem mais do que uma “fórmula mágica”.

A tentação de buscar um número único e definitivo é comum. Afinal, quem não gostaria de chegar a um valor fixo, aplicável em qualquer cenário, e seguir em frente? 

Mas a realidade da precificação é outra. O preço ótimo não é fixo, nem permanente. Ele depende de múltiplas variáveis que mudam o tempo todo: concorrência, canal, comportamento do consumidor, elasticidade e percepção de valor.

Encontrar esse ponto é um processo. E exige disciplina analítica, colaboração entre áreas e abertura para testar, ajustar e aprender continuamente.


1. Estimar a curva de demanda

A base para qualquer análise robusta está em entender como a demanda responde a diferentes níveis de preço. 

Essa curva não nasce pronta: ela precisa ser estimada com base em dados históricos, comportamento de compra, testes controlados e, quando possível, pesquisas. A precisão dessa curva define o nível de confiança que você terá para simular cenários.


2. Simular cenários de preço × volume

Com a curva em mãos, o próximo passo é explorar diferentes combinações de preço e volume. 

Em cada ponto, avalia-se o impacto no lucro total, e não apenas no volume vendido ou na margem unitária. Essa simulação ajuda a mapear onde estão os limites da sua política de preço e onde pode haver espaço para capturar mais valor.


3. Cruzar com custos, canais e comportamento

Nenhuma decisão de preço pode ser tomada isoladamente. Custos variáveis, mix de canais, elasticidade por segmento e até a capacidade operacional da indústria precisam entrar na conta. 

Em alguns casos, o ponto ótimo teoricamente indicado por um modelo pode não ser viável na prática, seja por restrição logística, posicionamento de marca ou desalinhamento interno. A análise precisa ser tão ampla quanto o impacto que o preço gera.

Ou seja, vemos que o ponto ótimo não é um número revelado por uma planilha. É o resultado de uma decisão consciente. Envolve alinhamento entre áreas, clareza sobre riscos, comprometimento com a execução e abertura para revisões. 

Precificação tem um “quê” de profecia autorrealizável: uma vez tomada a decisão, é preciso mobilizar toda a organização para que ela se concretize.

A boa notícia é que, com dados, testes e colaboração entre áreas, é possível chegar muito perto desse ponto. 

E mais importante do que encontrar um número mágico é criar um processo inteligente e contínuo de busca pelo melhor resultado possível, sempre em movimento com o mercado.


#06. O papel da tecnologia para medir e aplicar elasticidade

De planilhas a algoritmos, a tecnologia mudou radicalmente a forma como as indústrias medem e aplicam elasticidade. 

O que antes dependia de intuição, fórmulas simplificadas e simulações em Excel, hoje pode ser modelado com o apoio de inteligência artificial e machine learning, com muito mais precisão, agilidade e escala.

Mas para que a tecnologia funcione de verdade, é preciso ter clareza sobre o problema que se quer resolver. 

De fato, a Elasticidade não é um desafio de linguagem natural, como muitos associam ao hype da IA generativa. É um problema de otimização numérica. Por isso, exige fundamentos estatísticos sólidos e, acima de tudo, coerência com o negócio.

Na prática, a tecnologia potencializa três frentes essenciais para decisões de pricing mais inteligentes:


1. Estimar elasticidade com mais precisão

Modelos de machine learning permitem identificar com muito mais acurácia como o volume de vendas responde às variações de preço. Isso é feito a partir de grandes volumes de dados históricos, segmentações e testes em diferentes formatos. 

A elasticidade deixa de ser uma estimativa pontual e passa a ser uma função de resposta ao preço, que pode assumir formas lineares, exponenciais ou até não conhecidas, como em redes neurais e árvores de decisão.


2. Identificar padrões de reação a preço por canal e região

Com algoritmos bem treinados, é possível segmentar a elasticidade por canal, categoria ou região, revelando que um mesmo produto pode ter comportamentos completamente diferentes dependendo do contexto de venda. Isso evita decisões generalistas e permite uma política de preço muito mais afinada com a realidade do consumidor.


3. Ajustar preços em tempo real, com base em comportamento real do consumidor

Com a infraestrutura certa, é possível transformar análises em ações. 

Preços podem ser recalibrados em tempo real com base em sinais do mercado, como sensibilidade à promoção, elasticidade observada por cluster, ou até correlação com variáveis como distribuição ponderada. Esse dinamismo tira o pricing da lógica reativa e posiciona a indústria em um modelo preditivo e responsivo.

Apesar do poder das ferramentas, o sucesso depende menos do algoritmo e mais da capacidade de interpretar o que ele diz. Modelos sofisticados demais, com dezenas de variáveis, nem sempre entregam ganhos proporcionais. 

Às vezes, simplificar o modelo traz mais robustez, menor custo de manutenção e maior interpretabilidade. Um modelo que perde 5% de precisão, mas ganha clareza e agilidade, pode ser muito mais útil para decisões reais de negócio.

Por isso, o melhor caminho não é apostar apenas na tecnologia, mas combinar ciência de dados com conhecimento profundo de pricing. O modelo entende padrões. Mas quem entende o mercado é você. E é dessa conexão que nascem decisões melhores, mais rápidas e, acima de tudo, sustentáveis.


Elasticidade é mais que cálculo. É estratégia.

Elasticidade não é só cálculo. É maturidade estratégica. indústrias que tratam essa variável como uma simples equação perdem a chance de tomar decisões que realmente protegem e expandem o negócio. 

A Elasticidade, quando bem utilizada, não serve apenas para reagir ao mercado, ela antecipa movimentos, revela oportunidades e orienta escolhas com impacto direto em rentabilidade.

Organizações que colocam elasticidade no centro do processo decisório não vendem mais por impulso, vendem melhor por decisão. 

Posicionam seus preços com intenção, defendem margem com dados concretos e encontram valor onde a concorrência ainda vende no escuro. Elas entendem que precificação não é uma etapa isolada, mas uma engrenagem crítica entre estratégia, canal e consumidor.

Mais do que isso: essas indústrias sabem que o trabalho não termina no número. Elasticidade não é um índice fixo na planilha. É uma função viva, que depende de contexto, comportamento e execução. Requer testes, iteração e, principalmente, integração entre áreas. Do dado ao planejamento. Do insight à ação.

Por isso, a pergunta relevante não é “sua indústria usa elasticidade?”. É: sua indústria está capturando todo o valor que ela pode revelar? Porque no fim do dia, elasticidade não é sobre preço. É sobre decisão. E quem domina essa variável tem mais do que um bom número na mão. Tem vantagem competitiva.

Quer entender como aplicar elasticidade com inteligência no seu negócio? Fale com os especialistas da DOC e descubra onde estão as oportunidades de valor no seu portfólio.

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